Tarsila do Amaral, tem várias obras em Itu e pintou personalidades da cidade
REGINA LONARDI - com as fontes: Fama Museu, Escritorio de Arte, Tarsila do Amaral, A Província
FOTOS: Acervo MIS - site Tarsila do Amaral e Regina Lonardi / Ituanos
Publicada em 28 de fevereiro de 2022 - 21h50
No mês de fevereiro comemorou-se o centenário da Semana de Arte Moderna, movimento artístico que criou o Modernismo brasileiro. A artista plástica Tarsila do Amaral (1886-1973), um dos símbolos do modernismo, tem forte ligação com a cidade de Itu. Em entrevista exclusiva ao Portal Ituanos, durante sua passagem por Itu em 2019, a sobrinha neta da famosa pintora que também leva seu nome e é chamada de Tarsilinha, contou que sua tia avó tinha uma forte ligação com a cidade de Itu. Filha do ituano José Estanislau do Amaral e da piracicabana Lydia Dias de Aguiar do Amaral, foi Tarsila do Amaral que em 1931, pintou a única tela que retrata Padre Bento Dias Pacheco (que hoje se encontra na Prefeitura de Guarulhos) e também era dela o quadro “O Violeiro”, do artista ituano Almeida Júnior. Recentemente mais de 200 esboços e estudos realizados pela artista fizeram parte da exposição “Estudos e Anotações” realizada na Fama – Fundação de Artes Marcos Amaro, em Itu/SP. Tarsila também foi responsável pelos retratos de Antonio de Toledo Piza, Jesuíno Pinto Bandeira, José Vaz Pinto de Mello, Luis de Antonio de Souza Ferraz, Pedro Alexandrino Rangel Aranha, Victor de Arruda Castanho que se encontram no Museu Republicano Convenção de Itu. Veja o vídeo abaixo:
Entrevista com Tarsilinha do Amaral, gravada em 2019, que revela detalhes da ligação da tia-avó com Itu
Semana de Arte Moderna
A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922.
O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras.
Entre os organizadores da Semana, estavam Mário e Oswald de Andrade, que, posteriormente, ao lado de Manuel Bandeira, formaram a célebre tríade modernista. Entre os artistas citados como os mais importantes da Semana de Arte Moderna, também estão Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos e até mesmo Tarsila do Amaral.
Tarsila do Amaral, um dos nomes mais proeminentes das artes plásticas no Brasil, não participou da Semana de 22 por uma razão: ela estava em Paris nesta época. Mesmo assim, seu nome entra na lista pois ela se juntaria posteriormente ao grupo e se tornaria um dos símbolos do Modernismo.
Estudos e Anotações
Tarsila do Amaral tinha o hábito de carregar consigo cadernos de anotações para desenhar. Com o lápis sobre um pedaço de papel, eternizava em desenhos as paisagens por quais passava. Os esboços e estudos ajudavam na formação de seu pensamento artístico e, por vezes, serviam de base para sua obra pictórica, vertente mais conhecida e pela qual é aclamada. Um conjunto raro composto por 203 destes desenhos foi adquirido pelo artista plástico, empresário e colecionador de arte, Marcos Amaro. Longe da vista do público há mais de cinco décadas, engavetados em uma coleção privada, os desenhos foram exibidos uma única vez, em 1969, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O acervo ficou em exposição de novembro de 2020 a janeiro de 2021 no museu FAMA (Fundação de Artes Marcos Amaro, do qual é presidente. A exposição "Tarsila: Estudos e Anotações" contou com a curadoria de Aracy Amaral e Regina Teixeira de Barros.
Ao chegarem ao acervo da FAMA, com danos ocasionados pelo tempo e pela falta de cuidados museológicos, as obras foram submetidas a um minucioso processo de restauração. Produzidas entre 1910 e 1940, as obras registram as várias fases da artista e apresenta temas recorrentes em sua linguagem, como as vistas de viagens que ela fez pelo Brasil afora, desde as bucólicas cidades históricas mineiras, até suas andanças pela Europa e passagem pelo deserto do Egito.
A artista
Tarsila do Amaral foi uma pintora brasileira nascida na cidade de Capivari, no dia 1º de setembro de 1886. Seu pai, José Estanislau do Amaral, nasceu em Itu, morreu em Piracicaba. Sua mãe, Lydia Dias de Aguiar Amaral, era piracicabana. José Estanislau deixou como presente à filha Tarsila do Amaral, um quadro do pintor Almeida Jr, datado de 1899, ano de sua morte. Tarsila recebeu “O Violeiro” em 1906, mas a doação só foi registrada em cartório em 1938, dada a importância que a obra já adquirira. Hoje o quadro faz parte do Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
As obras de Tarsila do Amaral são divididas em fases. A primeira é a chamada fase Pau Brasil, que vai de 1924 a 1928. Nela, Tarsila do Amaral explora com intensidade a temática nacional.
Mas certamente é a segunda fase a mais representativa e expressiva das obras de Tarsila do Amaral . De 1928 a 1930 sua obra é designada Antropofágica.
Em 1928, Tarsila presenteia Oswald de Andrade com o quadro Abaporu. Esta obra marca a fase antropofágica da pintora Tarsila de Amaral que ocorreu entre 1928 e 1930. É a partir dessa pintura que o escritor escreve o Manifesto Antropofágico que dá início ao Movimento. Abaporu é a junção das palavras Aba (homem) e Poru (que come carne humana).
Tarsilinha do Amaral, quando visitou Itu em 2019; há anos se dedicando na preservação da memória artística e histórica da tia-avó. Acima, a foto de "O Violeiro", de Almeida Júnior, que foi de Tarsila.
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