Este ano, o tradicional evento de Itu vai acontecer pela 147ª vez no mesmo local onde começou
DA REDAÇÃO - com informações de Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Itu
FOTOS: Reprodução blog Sarau para Todos e aquivo Ituanos
Publicada em 30 de março de 2024
Tradição que completa 147 anos desde a primeira notícia publicada em Itu em 1877 sobre esse fato, neste domingo de Páscoa acontece a tradicional “Queima do Judas”, às 12 horas, na Praça Padre Miguel, em frente a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, o mesmo local onde essa manifestação começou, quase um século e meio atrás. Desde o ano passado, o evento, que antes era conhecido como “Estouro do Judas”, foi remodelado para cumpri a Lei Estadual que proíbe a utilização de fogos com estampido em festividades públicas. O espetáculo, promovido pela Prefeitura de Itu, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, Lazer e Eventos, é uma das principais atrações populares da cidade que, em 2006, passou a constar no Guinness Book — o livro dos recordes, como um evento popular único no mundo, já tendo sido, ao longo do ano, exibido por emissoras de TV do Brasil e de vários países.
Evento começou com "Queima"
Em Itu, o primeiro registro sobre o evento envolvendo Judas, o traidor de Jesus conforme as escrituras, foi em 1877, quando o jornal “Imprensa Ytuana” fez uma breve citação sobre malhação e queima de Judas na praça. Três anos depois, numa edição de março de 1880, o jornal já publicou uma nota mais detalhada que dá a entender que seriam inseridos fogos de artifício ao boneco do Judas.
O teor da nota publicada pelo jornal "Imprensa Ytuana" na época:
"No sábado, depois da missa de Aleluia, será queimado no pateo da Matriz um Judas de fogos de artifício. Trabalho do artista pyrothechnico Joaquim Corneta".
Segundo o professor e historiador Luís Roberto de Francisco, em seu livro “A Paixão Segundo Itu”, o responsável pelo acontecimento era o artesão Joaquim da Costa Oliveira, “tido e havido como Joaquim Corneta”, que conforme o professor, trouxe a ideia de Portugal e promoveu a queima no largo da Matriz durante muitos anos. Ainda segundo Luís Roberto, inicialmente, o estouro era realizado no Sábado de Aleluia. A mudança para o Domingo de Páscoa se deu apenas no século XX. O pesquisador explica ainda que a tarefa de confeccionar o Judas explosivo já foi exercida por nove gerações de artesãos fogueteiros e quem mais tempo permaneceu na tarefa foi Amador Ferreira Gandra Filho, o Zico Gandra, falecido em 10 de junho de 2010, aos 95 anos.
Zico Gandra, que nasceu no dia 6 de setembro de 1914, era considerado um jovem muito inteligente e criativo. Aos 17 anos já confeccionava um boneco de Judas e queimava esse boneco na Praça da Matriz, nos domingos de Páscoa, num evento paralelo ao tradicional, organizado pelas autoridades da época. Em 1938, já fogueteiro artesanal, Zico Gandra foi convidado para ser o responsável pelo evento, e já na sua estreia, surpreendeu o público, criando dois bonecos mecanizados, o diabo e Judas, que ao se tocarem, explodiam. Os bonecos foram fotografados pelo fotógrafo Settimo Catherine, um dos precursores da fotografia em Itu. Com o tempo esses bonecos foram aperfeiçoados e o espetáculo ganhou fama mundial.
Apaixonado por tudo o que fazia, Zico Gandra era considerado um artista. E apesar de ter o seu trabalho de chefe de produção nas empresas Della Nina e Cobra, foi extremamente dedicado ao trabalho artesanal e permaneceu como coordenador do mais tradicional evento da cidade durante 65 anos, de 1938 até 2003.
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