Com prêmios e obras no Brasil e no exterior, Renata Egreja lança a exposição Cores do Interior, que traz 27 obras em diferentes suportes e uma marca registrada da artista: uma explosão de cores
Foto: Roberta Tossi
DA REDAÇÃO - com informações de Assessoria de Imprensa
FOTO: Roberta Tossi e Ronaldo Couto - Divulgação
Publicada em 1º de setembro de 2023 - 23h30
Do interior físico ao simbólico, do idílico pôr do sol em tons rosas e terrosos às angústias contemporâneas, do terrestre ao celeste. A exposição inédita Cores do Interior, que traz ao circuito de arte do interior de São Paulo 27 obras da jovem e premiada artista Renata Egreja, se desenvolve nesse universo de puras misturas. Paulistana de nascimento, Renata cresceu, vive e trabalha na pequena cidade de Ipaussu, na região Centro-Oeste do Estado, e é reconhecida internacionalmente, com obras espalhadas pela Alemanha, França, Índia, dentre outros países. Em setembro, o projeto será lançado no FAMA Museu, em Itu, e, em novembro, terá apresentação no Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP). Contemplada com o PROAC ICMS de 2022, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, a mostra busca fomentar a produção e a difusão da arte contemporânea paulista e dar vez e voz a artistas mulheres.
Num percurso que vai do prosaico ao filosófico, a exposição aborda o interior tanto como perspectiva pessoal (o que está no âmago da artista), quanto geográfica (a paisagem à margem dos grandes centros urbanos como inspiração) e histórica (a representação simbólica das cores). Embora paulistana e cosmopolita, tendo estudado e exposto grande parte da sua carreira na Europa, gosta de frisar que, na essência, continua “interiorana”. “A mostra Cores do Interior trata da visão sobre diversos conceitos de interior, o interior de si mesma, o olhar para dentro e o campo como fonte de inspiração e de conflitos. Tenho trabalhado com uma paleta de cores terrosas muito influenciada pelo pôr do sol aqui do oeste paulista. Me inspira muito observar as sementes, as folhas e tudo ao meu redor que vibra e vive. Contemplar a natureza é um exercício de pintura para mim, em tempos nada idílicos”, destaca a artista Renata Egreja, que cresceu no meio rural e produz em um ateliê numa fazenda em Ipaussu, quase na divisa com o Paraná.
Para a exposição no FAMA Museu, um dos maiores museus de arte da América Latina, que ocupa uma área de 25 mil m2 no centro histórico da cidade de Itu, Renata separou 18 obras, entre inéditas e destaques dos últimos 14 anos de carreira, que mostram sua rica e multifacetada trajetória. Há suportes variados como pinturas tie-dye, a óleo e acrílica, com pigmentos naturais e sintéticos, como mica e purpurina; aquarelas, cerâmicas e uma instalação imersiva e interativa, que convida pequenos e adultos a se relacionarem de forma mais sensorial com a obra. O “interior” da alma, da vida e do campo se reflete nas obras, buscando uma harmonia entre opostos, da poética (amor, humanismo, maternidade) à política (equidade de gênero e luta antirracista), do rés-do-chão (flores, plantas, sementes, bolo de casamento, ambiente doméstico) ao transcendental (sonhos, utopias, devaneios), do belo ao imperfeito (natureza-morta, manchas e pigmentos aparentes nas telas), do geométrico ao orgânico, do técnico ao intuitivo, da placidez aos conflitos contemporâneos. Em comum, um amálgama de cores, vivas e marcantes.
Volcano (2010), um dos destaques da mostra, que une religiosidade com Carnaval em pinturas expandidas: tela de 2,50m por 2m.
Foto: Ronaldo Couto
Parte das obras foi produzida em Paris, durante a formação da artista na Escola Nacional Superior de Belas Artes (ENSBA) e nas suas viagens de aprendizado pela Índia, Itália, Camboja e Vietnã, com obras de 2009 até os dias atuais. Pinturas expandidas, de grandes dimensões e formatos, são outro destaque do projeto. É o caso de Volcano. Pintada em 2010, é uma tela de 2,50m por 2m, que une sagrado e profano, a religiosidade do interior do Estado com um toque cosmopolita, uma santa vestida com roupas carnavalescas e muito glitter. Aspecto texturizado da obra que só pode ser conferido na observação física do trabalho, ao vivo e em cores, revelando a singularidade da peça.
Nas obras e na trajetória, Renata reflete sobre ser uma artista mulher diante de uma História da Arte majoritariamente protagonizada por homens. Por isso, reverencia nomes de artistas mulheres – do Brasil – como Beatriz Milhazes, Gabriela Machado, Leda Catunda, Tarsila do Amaral, e do exterior, como a ucraniana-francesa Sonia Delaunay, a inglesa Bridget Riley, as americanas Georgia O'Keeffe e Suzanne Lacy. Na exposição no FAMA, o que deve mesmo atrair os visitantes é a instalação imersiva Roda de Mães, que traz uma reflexão sobre questões de gênero. Ela é composta por três tapetes de 2 metros de diâmetro e várias almofadas bordadas com frases provocativas como: “Depois que fui mãe, virei feminista”, “Congela os óvulos”, “Não quero ser mãe”, “Eu fiz um aborto”, “Eu tive um parto orgástico”, “Não tive passagem, não entrei em trabalho de parto”. As frases foram feitas em colaboração com a doula Anna Gallafrio e o bordado é de Gabriela Michelini. Os tapetes foram tecidos por Kika Elias. É uma instalação participativa, trabalho em rede de apoio e de acolhimento, feita por mulheres, para dar voz a artistas mulheres dentro do mercado de arte, que historicamente renegou o protagonismo feminino.
Da curadoria à produção, é um projeto feito por mulheres, sob uma perspectiva feminina. O patrocínio é da empresa Atena Açúcar e Etanol. A produção é da Madri Produções Culturais e a curadoria de Paula Borghi. Mestre em Artes Visuais pela UFRJ, Paula atuou como curadora em diferentes projetos, como a 11ª Bienal do Mercosul, a 2ª Bienal de Havana e idealizou o premiado Projeto Múltiplo, biblioteca itinerante de publicações de artistas latinos. O rosa em todas as suas nuances é a cor predominante no trabalho, na vida e até no ateliê de Renata, mas o uso da cor, tantas vezes associada ao gênero feminino, ganha outros significados nas obras. Nem toda rosa é rosa ou mero adorno. “O que se tem é uma artista que problematiza a performatividade de gênero por meio da cor e reivindica iconografias circunscritas ao feminino, a fim de esgarçar os limites deste adjetivo no campo pictórico. A afirmação da performatividade do gênero feminino pela estética é a forma ativa que ela encontrou para marcar sua presença num ambiente predominantemente patriarcal. Como quem diz: Vai ter artista mulher fazendo pintura de natureza-morta com tons rosa, sim!", comenta Paula Borghi, curadora da exposição Cores do Interior.
Carnavalesca, Renata já trabalhou com o carnaval e tira dessa festa da ancestralidade muito da inspiração para a sua arte. Há, na exposição, telas com glitter e purpurina. Efeitos visuais e cores vibrantes que remetem à festa do Carnaval, mas também à luta, ao sonho e à realidade. Festa e luta são irmãs. Assim como a pintura e seu poder transformador. A arte conectando sempre o terrestre com o celeste.
Serviço:
Cores do Interior, de Renata Egreja
Quando: Lançamento, dia 02 de setembro, às 11h. Exposição de 07/09/23 a 31/01/24, no FAMA Museu
Onde: FAMA Museu - Rua Padre Bartolomeu Tadei, 9 – Centro – CEP 13300-190 – Itu – SP
Entrada gratuita
Sobre Renata Egreja:
A pintura como alegoria da vida. Para a artista plástica paulistana Renata Egreja, a pintura é uma festa, uma celebração da vida e o fio condutor de seu pensamento. Aos 38 anos e 24 de carreira, Renata dividiu sua formação entre São Paulo e Paris. Vive e trabalha hoje no interior de São Paulo, com ateliê em uma fazenda na pequena cidade de Ipaussu. Vinda de uma família de agricultores, cresceu no meio rural e sempre teve a natureza como inspiração. Apaixonada por pintura desde pequena, sua primeira incursão profissional nas artes foi trabalhando com alegorias em escolas de samba do Rio e de São Paulo. E dessa festa da ancestralidade tira muito dos efeitos visuais, glitter, purpurina e alegria para a sua arte. Iniciou os estudos em Artes Plásticas na FAAP-SP, graduou-se na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em Paris, onde fez também seu mestrado e iniciou sua carreira no circuito das artes. No Brasil, participou de diversas exposições individuais e coletivas no Instituto Tomie Ohtake, Paço das Artes, Zipper Galeria, Galeria Lume, Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, Museu de Arte de Curitiba, Sesc, dentre outros espaços. No exterior, teve obras expostas em Milão (Itália), Frankfurt (Alemanha) e Nova Déli (Índia). As criações renderam prêmios como o Jovens Talentos, da Université Paris-Dauphine, em 2010; o Itamaraty de Arte Contemporânea, em 2012, e o Itamaraty Sanskriti Foundation, em 2013. Suas pinceladas viraram também moda, obras de vestir. A artista assinou coleção para a grife italiana Salvatore Ferragamo, dentre outras. Possui trabalhos em acervos públicos e privados que trazem uma explosão de cores e de energia em suportes variados: telas, aquarelas sobre papel, pintura em óleo, acrílica, costura, cerâmica, escultura, vídeos, desenhos e instalações. Em comum, uma viva paleta de cores e sonhos sempre aquecidos.
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