O desafio de Ricardo Padovan é inédito. Até hoje ninguém fez a rota Fernando de Noronha ao continente por causa dos riscos altíssimos
Foto: Gilmar Domingos de Oliveira
DA REDAÇÃO - Regina Lonardi
FOTOS: Gilmar Domingos de Oliveira e arquivo pessoal Ricardo Padovan
Publicada em 22 de julho de 2023 - 0h41
Recordista brasileiro das 24 horas non-stop de caiaque após remar 179 quilômetros sem parar e com experiência em longas travessias, quando remou a mesma embarcação por mais de quatro dias percorrendo uma rota de 289 km, de Paraty-RJ até Santos-SP, o fisioterapeuta Ricardo Pereira Padovan, 45 anos, se prepara para realizar o maior desafio de sua vida: percorrer, de caiaque, a rota de Fernando de Noronha até a costa brasileira. Uma viagem inédita, até hoje nunca realizada por ninguém e que está prevista para acontecer no dia 23 de setembro. A ideia é aproveitar a realização da maior Regata a velas do Brasil, chamada Refeno, que acontece na ilha, para levar o equipamento e suprimentos usando a ida de um dos barcos que seguirão para lá e fazer o desafio na volta. Por questões climáticas e para preservar a segurança de outros profissionais envolvidos na travessia inédita, está prevista uma janela que pode adiar a partida até novembro, caso a saída na data estabelecida não puder ocorrer em setembro por motivo de força maior.
"Eu trabalho na Academia CTE7 Centro de Treinamento e Esportes, em Itu. A travessia é um sonho antigo, onde eu achei que seria muito difícil e quando fui estudá-la, vi que era impossível!" brinca Ricardo.
"A travessia será partir da Ilha de Fernando de Noronha, remando por aproximadamente 600 km até a Costa do Brasil. Difícil prever o local exato da chegada, pois os fortes ventos tiram embarcações do rumo, quem dirá um caiaque pequeno movido a força do remo!", explica o atleta.
Mapa mostra a região da costa brasileira mais próxima do arquipélago Fernando de Noronha. Como os ventos fortes desviam embarcações pequenas e grandes da rota, o percurso acaba ficando maior
Alto risco
Ricardo Padovan conta que decidiu fazer esse desafio por ser uma travessia inédita, até hoje nunca realizada por ninguém, devido ao alto grau de complexidade. É alto o risco de exposição à força da natureza, como cardumes de tubarões, baleias, alta temperatura, mar agitado, ventos fortes, e de extrema complexidade também quando se fala em descanso, alimentação e hidratação, risco de tempestade, ciclone, raios, mudanças climáticas, tráfego de navios, solidão, enfim"...
E completa: "desde pequeno sou movido a desafios; a zona de conforto nunca foi o meu lugar", argumenta o recordista.
Para fazer a prova voltando de Fernando de Noronha, de caiaque em mar aberto, numa viagem que poderá demorar vários dias, Ricardo encomendou uma embarcação da marca Epic, modelo Surfski V7, mas a chegada do equipamento ao Brasil sofreu um atraso. Deveria chegar em julho e agora a previsão é final de agosto. "A embarcação é aberta, estreita, feita de polietileno, com um compartimento estanque onde estarei levando tudo que vou precisar para o sucesso desta travessia", descreve Ricardo. Ele também explica que escolheu esse caiaque por ser do mesmo modelo que usou em 2015, quando remou de Paraty-RJ a Santos-SP sozinho, sem apoio por mar e terra, completando esta travessia em 4 dias e meio.
Epic Surfski V7, modelo idêntico ao que será utilizado na travessia
Preparação forte
Mesmo ainda sem a embarcação que vai utilizar na travessia, Ricardo vem se preparando ao máximo para o grande desafio, que já tem logomarca e nome: Noronha Dream V7.
Para substituir o caiaque, ele comprou de volta um "kayakergometro", uma espécie de simulador, que havia vendido em 2017, após bater o recorde brasileiro de 24 horas remando sem parar. Com o aparelho, treina durante horas duas vezes por dia sempre que possível, dividindo com exercícios de musculação, canicross (corrida com cachorra), alongamentos, e sempre que pode, diz se divirte com outros esportes.
Para se preparar para o desafio-sonho de sua vida, Ricardo treina forte
Estratégia
Quando é perguntado sobre as estratégias que vai utilizar na travessia, Ricardo Padovan mostra que também está bastante consciente do tamanho do esforço que precisará fazer.
"A travessia tem uma única estratégia: remar o máximo possível, em menos tempo possível. Porém, essa loucura requer bastante cuidado. Tenho um limite do meu ritmo, quantidade de alimentos e hidratação, tipos de alimentos, e será necessário algumas pausas. Essas farei dentro do caiaque, correndo o risco de virar. Estou estudando como será feito, mas algo precisará ser feito. Minha ideia é dormir o mínimo possível, de 4 a 6 horas por dia. Muita gente acha que levarei de 10 a 12 dias para completar. Eu acredito que não será essa quantidade de dias, mas isso só vai saber quem acompanhar".
Padovan conta que essa Travessia poderá ganhar destaque na mídia por ele ter escolhido o formato mais desafiador possível.
"Não estou buscando facilidade, estarei navegando por meio de bússola e das estrelas. Estarei indo autossuficiente, sozinho e com a torcida de muita gente em terra!
Prevendo grande interesse e repercussão que poderá vir a ter dessa travessia inédita, o atleta revela que será possível acompanhar ao vivo todo o percurso graças à utilização de um localizador, devidamente autorizado pela Marinha do Brasil. O acompanhamento poderá ser feito através do Instagram@noronhadreamv7 que já está ativo, com fotos e informações sobre o desafio. Há ainda, segundo Ricardo, a possibilidade da produtora liberar as imagens.
O desafio Noronha Dream V7 já começou. Clique na imagem para seguir todas as informações da travessia pelo Instagram
Patrocínios abertos
Por ser um acontecimento que deverá chamar a atenção da mídia mundial, Ricardo Padovan já tem patrocinadores, aos quais demonstra enorme gratidão. Estão apoiando a travessia a Produtora Firma, Academia CTE7, Fresh Nutrition, Haras Fazenda Regina-WA - A grife da velocidade, PDX automotiva, Dra. Anielle Dangelo nutricionista e Epic Kayak Brasil.
Mais vagas para patrocínios estão disponíveis e os interessados podem contatar pelo Celular/WhatsApp (11) 950277878 ou por direct do perfil do desafio no Instagram.
Motivação e sonho
Ricardo Padovan é um apaixonado pelo esporte e muito focado nos resultados, mesmo que alcançá-los seja difícil ou inimaginável. Segundo ele, além do treino metódico e aplicado, a família é o que mais o motiva a superar obstáculos e buscar as vitórias. Principalmente quando se trata de deixar um legado para seu filho Arthur, de 8 anos, que já segue o exemplo do pai. Nesta semana, Arthur estabeleceu a Melhor Marca Brasileira no 3D Hunting Round, e mais, com apenas 08 anos pontuou mais que todos os adultos masculino e feminino da categoria Barebow, se consagrando Campeão Brasileiro BowHunter 2023.
Assista abaixo o documentário sobre Ricardo Padovan