Foto da Rainha Elizabeth II publicada na imprensa mundial como sendo a última fotografia da monarca, tirada na terça-feira, dia 7 de setembro, dois dias antes da sua morte
DA REDAÇÃO - Regina Lonardi
FOTOS: Arquivo Christian Lockley - Reproduções Internet
Publicada em 11 de setembro de 2022 - 18h50
A morte da Rainha Elizabeth II, aos 96 anos, entristeceu o Reino Unido e quase todos os países do mundo. Afinal, a monarca, que reinou durante 70 anos, era uma pessoa de reputação irretocável e muito respeitada pelo comportamento sério, recatado, cuja estabilidade que deu aos países que governava, refletiu em tranquilidade e progresso ao seu povo durante anos. Alguns ingleses ficaram chocados com a notícia, já que, dois dias antes, Elizabeth II tinha feito uma aparição pública para dar posse à primeira-ministra Liz Truss. Pela primeira vez, essa posse aconteceu fora da Inglaterra; foi no Castelo Balmoral, na Escócia. A cena foi registrada pela fotógrafa Jane Barlow, da Agência Press Association, que afirmou, triste, que a rainha estava sorridente e bem humorada, embora com aparência frágil, daí o choque. Em Itu, o falecimento da Rainha da Inglaterra causou tristeza em muita gente, mais significativa nas famílias descendentes de ingleses, como a do agente imobiliário, produtor e músico Christian Lockley, neto de ingleses, cuja família ainda mantém as tradições dos antepassados.
"Lembro bem dos meus pais e tios nos contando a grande festa que foi a coroação da rainha Elizabeth em 1953. Na época meu pai, Allan James Lockley, tinha 6 anos, meus tios Robin Dennis Lockley 8, e Michael John Lockley 9. A coroação foi transmitida ao vivo pelo rádio e TV para boa parte do mundo. As famílias inglesas no Brasil estavam em festa", conta Christian.
Christian explica que "como sou neto de ingleses, muitos dos costumes ingleses foram incorporados a nossa família: o chá das 5 da tarde, por exemplo, sempre foi algo imperativo em nossa casa, parávamos tudo o que estávamos fazendo para tomar o chá deliciosamente preparado pela minha avó Dulce Lockley, nesses momentos sentávamos e apreciávamos o chá-preto inglês, comíamos alguns cookies de gengibre ou bolos também feitos em casa, e conversávamos sobre vários assuntos, inclusive as histórias de nossos antepassados e familiares ingleses".
Ainda falando das raízes de sua família, o agente imobiliário e músico fala e mostra a foto de um objeto de raro e surpreendente: "Minha mãe, a Evelyn Magareth Taylor, tem uma xícara que já está na família há algumas gerações. Foi um suvenir oferecido a todas as famílias inglesas no dia da coroação da Rainha. Como minha mãe também é neta de ingleses, John Albert Taylor (pai do pai) e Edward Dudley Craddock (pai da mãe), alguns lindos objetos ingleses, como esse, ainda permanecem com a nossa família, desde quando seus avós vieram ao Brasil".
A xícara dada de presente a todas as famílias inglesas em 1953, por ocasião da coroação da Rainha Elizabeth II, guardada pela Família Lockley
Chegada ao Brasil
O patriarca Dennis Cotton Lockley, avô de Christian, nasceu em Wolverhampton, no condado de Midlands - Inglaterra, em 4 de março de 1905. Em 1938, aos 33 anos, veio para o Brasil fugindo da 2ª guerra e se instalou na cidade de Pitangueiras-SP, onde trabalhou no Frigorífico e Laticínio Anglo, empresa de capital britânico pertencente ao Grupo Vestey Brothers, considerado uma potência e que atua em vários países do mundo. Morou na Fazenda Três Barras, que também pertence ao grupo multinacional inglês. Lá conheceu a esposa Dulce, brasileira. Vários documentos que fazem relatos sobre a história de Pitangueiras contam sobre a chegada dos ingleses à cidade e relata que foram eles que criaram a raça do gado Pitangueiras, até hoje considerados ótimos na produção de leite. Embora nenhum documento cite os nomes dos criadores da raça do gado Pitangueiras, é bem provável que Dennis tenha acompanhado ou até participado desse processo.
Dennis Cotton Lockley, o patriarca da família, veio da Inglaterra para o Brasil em 1938 e se instalou em Pitangueiras-SP
Foto da família Lockley as crianças: Allan James, Robin Dennis e Michael John. Os adultos: Dulce Lockley, Edward Jones, Doris Jones e Dennis Cotton Lockley
A vinda para Itu
O pai de Christian, Allan James Lockley, nasceu em Santos, assim como os demais filhos de Dennis e Dulce. Adulto, Allan foi morar em São Paulo, onde conheceu Evelyn, também descendente de ingleses, e na década de 70 vieram para Sorocaba. Como queriam morar em uma cidade mais tranquila, visitaram Itu. Aqui compraram um sítio grande e por aqui ficaram. Quando a família se instalou em Itu, Christian tinha 4 anos de idade. E embora tenha nascido em São Paulo, ele se considera ituano.
Segundo o músico, integrante de família inglesa que preserva as tradições dos seus antepassados, ele fala em nome da família sobre o sentimento de todos neste momento: "Sentimos muito pela morte da Rainha Elizabeth e por toda a família real. God save the Queen".
A família Lockley, de raízes inglesas, em Itu: Allan James e Evelyn Magareth com os filhos Natalie e Chistian
A visita da rainha Elizabeth II ao Brasil em 1968
Você sabia que a rainha Elizabeth II inaugurou o Masp, foi a show com Elza Soares e Jair Rodrigues e conheceu o Museu do Ipiranga durante sua visita a SP?
Ela veio ao Brasil em 1968 e até hoje foi a única viagem de um monarca britânico à América do Sul, segundo o embaixador do Brasil em Londres, Fred Arruda.
A Rainha Elizabeth II inaugurou o prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, visitou o terraço do Edifício Itália e foi a show com Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares, quando visitou a capital paulista, em 1968.
A visita da rainha Elizabeth II e seu marido, o príncipe Phillip, ao Brasil, foi durante a ditadura militar. Começou no dia 1º de novembro e percorreu seis cidades: Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), São Paulo (SP), Campinas (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
Em Campinas, a monarca esteve no Instituto Agronômico (IAC), onde passou horas tomando conhecimento das pesquisas realizadas e em andamento e foi ao campo, onde visitou diversas plantações.
A Rainha Elizabeth II deixou Brasília no dia 6 de novembro e, às 14h45, desembarcou em São Paulo. Também conheceu o Monumento do Ipiranga e visitou o Edifício Itália.
Na página oficial do Edifício, consta que a monarca foi acompanhada pelo então prefeito Faria Lima, Roberto Costa de Abreu Sodré e esposa, pelo "pai" do Terraço Itália, Evaristo Comolatti, e Leda Comolatti.
A placa que marca a sua visita está fixada no terraço panorâmico do 41º andar.
Imagens feitas na época mostram a Rainha Elizabeth II, com sua comitiva, deixando de carro o Edifício Itália.
A rainha também conheceu naquele dia o Museu do Ipiranga, na Zona Sul da cidade.
Na quinta-feira, dia 7, a visita incluiu a inauguração do Museu de Arte de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista. Até então, o museu ficava na sede dos Diários e Emissoras Associadas, na Rua Sete de Abril, região central de São Paulo, onde foi fundado em 1947. Coube à monarca presidir a cerimônia de inauguração.
Infelizmente a Rainha faleceu, mas as memórias ficam. Veja as fotos da visita de Elizabeth II ao Brasil
(Via G1)